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Então não era um crime perfeito?

Tuesday, May 17, 2005

Diálogo #2 

.- O que você pensa da vida?
.- Ah... a vida é para ser vivida, é um presente
de Deus para nós. E você?
.- A vida... ahhhh, a vida...
.- Huahuahua...nossa que saudosismo! Parece até
que nunca teve uma.
.- É mais ou menos isso mesmo, acho que nunca
tive uma; sempre vivi me baseando nos outros,
desejando o que os outros tinham, querendo ser
popular como o outro era, bonito como aquele
outro... enfim nunca pensei em como seria a minha
vida comigo.
.- Nossa! Nunca vi você dessa forma, você sempre
me pareceu tão decidido, tão satisfeito consigo
que jamais imaginei que pudesse pensar dessa forma.
.- É... vai saber a vida de quem eu estava vivendo
quando você me conheceu. Queria um dia só ter vivido
a minha vida, vivido por mim, não pensando em ter
os outros ao meu lado.
.- Nossa, você me assusta assim, parece que não te
conheço. Você deve estar brincando, né? Você adora
essas coisas de suspense, de brincar com a mente
da gente.
.- Não, dessa vez num é assim, dessa vez a minha
mente brincou comigo, fez da minha vida um fractal,
de minhas idéias um espiral e de mim... isso que
você vê hoje. Alguém que sabe pouco de tudo, mas não
sabe nada de si.
.- Ei, pare com isso! Assim tô ficando com medo.
Cadê aquele cara decidido que sempre me ajudou a
entender a vida e os sentimentos?
.- Aquele devia ser só mais um personagem que criei
baseado em alguém ou em algum outro personagem de
filme.
.- Não, não... pare de brincar comigo, assim você
me enlouquece.
.- Não se preocupe, eu também não estou mais aqui.
.- Como assim, você pirou?
.- Não, saí... fui procurar a Suzie.

Wednesday, May 04, 2005

Nunca te vi, sempre te amei! 

Estou usando minha máquina do tempo.
Mas como voltar no tempo sem saber onde quero

chegar?
Resolvi então usar um modo manual, uma espécie

de sintonia fina, assim como nos televisores.
É um corredor extenso, cheio de portas, iluminado

por lâmpadas fluorescentes prestes a queimar e que
piscam sem parar. Tem goteiras para todos os lados.
Os únicos sons que escuto aqui são as gotas que caem,

o zunido das lâmpadas e os meus passos.
Cada porta se refere a um dia de minha vida. São

muitas.
Para cada porta que passo e abro tento lembrar-me do

dia que aconteceu tudo aquilo. Abro cada uma delas na
esperança de encontrar aquele quarto a meia luz onde
alguém me perguntou sobre a Suzie.
Converso comigo enquanto tento encontrar o tal quarto,

e na minha impaciência pulo algumas portas; ora pela
impaciência, ora por relembrar coisas que ainda tento
esquecer.
Engraçado, não sabia que guardamos lembranças de

quando ainda éramos fetos, é como entrar em um
Labirinto Visceral.
Onde perdi a Suzie?
Em que momento da minha vida deixei-a para trás?
Voltei para o início do corredor e entrei em uma

porta de onde saía um som alto, era Dead Can Dance.
Lembro-me bem desse dia, apesar da decoração deste
quarto não ser das mais comuns, lembro-me que me
agradou bastante.
Logo na entrada há uma espécie de lustre com tripas

secas que se estendem do alto até o chão, num canto
um santo e mais à frente fotos que lembram minha vida
embrionária.Podia até ser uma suíte, afinal num
corredor há três pias sobrepostas por onde passa um
fio d´água e o que mais me chamou a atenção...
...Vários espelhinhos de banheiro, daqueles com

moldura laranja, onde pude ver meu rosto e ler a
seguinte frase nos azulejos:
“Nunca te vi, sempre te amei”.
Se até esse dia não tinha me visto e sempre me amei,

qual o problema nessa minha obsessão por achar a
Suzie?

Post dedicado a exposição “Labirinto Visceral”, da

artista plástica e amiga Marina Inoue que visitei
em 25/01/2005.

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