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Então não era um crime perfeito?

Wednesday, April 02, 2008

Abandono? 

Pode até parecer, mas este espaço não está abandonado.
Hei de voltar... Em breve... Se Deus quiser.

Monday, April 30, 2007

Enquanto estive lá... 

Estou no alto de um planalto andando no meio de
uma estrada de terra e pedra britada, não sei bem onde.
O céu está azul , sem uma nuvem sequer; não sinto
frio, mas deve ser porque estou agasalhado.
Não há muita coisa próxima a mim, apenas uma vegetação
rala e baixa de um tom bege meio desbotado. Já ao longe
vejo montanhas não muito altas e nem muito verdes, um
verde claro que chega até a ser opaco.
Tudo muito harmônico, destoado somente pelo amarelo
intenso de um campo de girassóis que mantêm próximo
a si, uma árvore baixa e de copa larga com poucas folhas.
Caminho um pouco estrada abaixo em direção ao campo de
girassóis escutando apenas o vento cantar suavenete em
meus ouvidos, e o ritmo formado pelo movimento de meus
passos na bota amarela movendo as pequeninas pedras; até
parece um chocalho movido lentamente.
Minha hipermetropia só permite assimilar uma casa de pedras
atrás da árvore quando me aproximo um pouco mais. É uma
casa bem rústica com janelas de madeira gastas pela idade,
apresentando um tom quase esverdeado pela umidade.
Tento localizar no tempo e espaço, mas me perco olhando o
lindo céu claro; a única coisa que me vem à cabeça é que
a Tatzi adoraria fotografar com a luz que Sol está
proporcionando.
É engraçado não me lembrar de muita coisa, ainda mais eu
que tenho a memória boa. Não me lembro de estar aqui antes
e nem sei a quanto tempo estou, pareço estar hipnotizado
pelo som do vento, o agradável som do vento que me acompanha
até me intrometer na casa, entrando sem ser convidado.
Há pouca coisa dentro dela, e a pouca coisa que há é iluminada
pela luz do Sol que assim como eu entra sem convite. Respiro
vagarozamente um ar gélido que é resfriado pelas pedras grossas
que formam as paredes e a lareira situada na parede à minha
direita. Logo a frente há uma mesa de madeira maciça e bancos
de troco de árvore, alinhados à passagem que se inicia pouco
após a lareira e termina na mesma linha da mesa e dos bancos.
Ali me parecem mais duas portas, onde imagino serem o banheiro
e um quarto que deixo minha curiosidade insatisfeita por não
ter ido verificar. Contorno a mesa e sigo em direção à outra
porta enquanto observo a tesoura do telhado, construída
cuidadosamente para durar.
Atravesso a porta rumo ao exterior da casa onde uma pequena
marquise protege o fogão a lenha e uma pia alimentada por
água vinda direta do poço que fica pouco a frente, bem
debaixo do cobertor vermelho que dança com o vento, e colóre
mais ainda o cenário enquanto seca no varal improvisado.

Sunday, January 28, 2007

Diálogo #8 - Da Felicidade 

- O que é a felicidade para você?
- Ah, sei lá... Acho que não existe uma definição que explique
a felicidade. Acho que existem momentos de felicidade, ninguém
é feliz o tempo todo. Acredito que esses momentos aconteçam
com as metas alcançadas, com os sonhos realizados...
-Putz!
- O que?
- Nunca serei feliz!
- Por que?
- Minha meta era ser piloto de fórmula 1, ganhar muito dinheiro com
isso, ter uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini; viajar muito
com minha futura esposa e meus filhos que teriam uma casa de férias
de verão na Riviera Francesa, uma casa para quando quiserem esquiar
nos Alpes Suíços e quando me aposentasse montaria uma equipe para
meus filhos correrem.
- Ah, mas é diferente...
- Por que?
- Porque você está sonhando alto demais.
- Para mim felicidade era outra coisa, algo do tipo... Ter o necessário e
viver bem consigo mesmo. O que vier depois é lucro.
- Mas não acha isso muito pouco?
- Péra lá, hora sonho alto demais, depois me contento com de menos...
Decida-se!
- Tem que haver um meio termo aí.
- E você, como se vê daqui quinze anos?
- Formado, com uma bela casa, um carro e bem sucedido profissionalmente.
- Aé? Sozinho ou acompanhado?
- Me vejo só.
- E se você voltasse para casa agora e seus pais estivessem mortos, ainda
teria essa certeza?


Tuesday, November 07, 2006

Diálogo #7 

Avenida dos Salmões - Florianópolis/SC
17:00pm

- Olha os gaviôezinhos brincando.
- Lindo é o som que ele emite.
- Olha só, eles param no ar.

SC 401 - Jurerê>Centro - Florianópolis/SC
18:45pm

- Se alguém algum dia falar para você que
gosta de som alternativo, pergunte se já
escutou I´m the walrus (The beatles).
- Tá!
- Com certeza é a música mais alternativa que
uma banda já tocou. Isso sem falar do clip.

Term Rodoviário Rita Maria - Florianópolis/SC
19:15pm

- O ônibus para São Paulo 19:30h já chegou?
- Ainda não.
- Obrigado.

19:17pm
- Você vai para São Paulo?
- Não. (Respondendo a uma pergunta sem saber ao
certo o que a garota perguntava)

19:20pm
- Eu já te perguntei se você vai para São Paulo?
- Já.
- Obrigado.

19:30pm
Escutando a conversa alheia já dentro do ônibus.
- Ainda bem que você conseguiu trocar a passagem.
- Nem fale, assim pelo menos vamos juntas.

KM 118 Régis Bittencurt - Em algum lugar entre PR>SP
04:10am

Ônibus com o radiador de óleo quebrado.
- Ahhh... Se eu tivesse trocado aquela passagem...

Monday, November 21, 2005

Diálogo # 6 - Das responsabilidades 

.- Você já pensou sobre essa história de
ser respponsável pelos seuas atos?
.- Não pensei sobre, mas concordo com isso.
.- Eu já não concordo tanto.

.- Caramba, você está se tornando chato
discordando de tudo.
.- Não é o fato de concordar, é simplesmente
questionar as coisas. Um exemplo:
Todo mundo diz que nada é por acaso, que
tudo acontece porque tem que acontecer. Certo?
.- É verdade.
.- Pois então, como você é responsável por
algo que tinha que acontecer?
.- Você num tem mais o que fazer não?
.- Claro que tenho, só que eu não preciso
parar para pensar nessas coisas, elas brotam
em minha cabeça.
.- Vai ver é por isso que todos os dias agora
você tem dor de cabeça.
.- É... Deve ser mesmo. A propósito você
não teria dois Tylenol 750 aí?

Thursday, July 21, 2005

Diálogo #5 

0h embaixo de um viaduto na 23 de Maio.
.- Até um tempo atr´s era eu quem passava ali.
.- É né, nos carros.
.- É, estava sempre correndo para sentir a adrenalina,
ouvir o motor roncando cada vez mais forte.
.- Sente falta?
.- Sinto sim, gosto muito disso. Mas sei que minha
realidade é outra hoje.
.- E acomodou, num pensa em novamente ter um carro
para poder fazer essas coisas?
.- Acomodar jamais, mas hoje vejo que isso não é
tão necessário.
.- Como assim? Para mim isso parece comodismo.
.- Pode até parecer, mas não é. Hoje vejo que tem
outras coisas que me dão tanto prazer quanto a
adrenalina e o barulho do motor.
.- Ah tá, mas isso é óbvio.
.- Para mim não era, antigamente para mim era esencial
eu ter meu carro para poder me levar para os lugares.
.- Você sempre foi muito materialista, né?
.- Sempre! E hoje vejo que até isso foi bom; serve de
ponto de referência para eu ver que o que eu tenho hoje
vale muito mais do que qualquer Ferrari.
0:18h, chega o ônibus.
.- O mais engraçado é que sempre passei ali de carro e
observei as pessoas que ali ficam esperando o maldito
ônibus.
E o mais engraçado é que sempre quis ficar ali esperando
o ônibus.
.- Ahhh, tá brincando, né?
.- Não, de jeito nenhum. Sempre quis estar debaixo
daquele viaduto para saber como é.
.- E como é?
.- É bom, recompensador estar ali esperando o ônibus por
quase meia hora e ver os carros passando; você vê que você
é muito mais que adrenalina e lata a sua volta.
Percebe o quanto você era fútil e não valorizava nada, nem
ninguém em sua vida, percebe a mediocridade que vivia.
.- Auto-crítica brava essa, n~eo?
.- Sempre preferi a porrada na cara aos tapinhas para
acordar. A porrada dói na hora e faz você acordar de uma vez.
Os tapinhas doem aos poucos e quando você acorda pode ser
tarde.
.- É, vendo por esse lado é verdade.
.- Sabe o que tem valor hoje para mim?
.- O que?
.- Acordar e saber que vou trabalhar, chegar no fim do mês
e saber que verei minha filha, chegar em casa e ver meus
irmãos, ligar para meus pais, estar com a Menina Magnífica e
principalmente... Eu!
.- Nossa, você não está se enganando, se condicionando a
gostar de tudo isso?
.- Não, de forma alguma. Olhe só...
Passando em frente ao ChicoHamburguer na Av. Ibirapuera.
.- Na mesma época que eu estaria passando lá de carro, a essa
hora eu provavelmente estaria aí dentro comendo.
.- E isso não era bom?
.- Foi bom tudo isso, poder viver tudo isso para hoje poder
enxergar algo que já tive e não passar a vida imaginando como
seria se eu pudesse fazer isso.
.- Vai dizer que não gostaria de continuar com tudo isso?
.- Sinceramente?
.- Claro!
.- Até gostaria, mas se pudesse escolher entre o que tenho hoje
e o que tinha há dois anos atrás... Continuo com o que eu tenho
hoje. Eu tinha detalhes, luxo; hoje tenho essência.

Monday, July 04, 2005

Diálogo #4 

.- As vezes queria voltar a ser criança.
.- Ué, mas porquê?
.- As crianças são sempre tão felizes, tão verdadeiras.
.- Mas por que isso agora?
.- Não sei, estava pensando em como mudamos com o
tempo e tentando entender o porque de todas essas
mudanças.
.- E chegou a alguma conclusão?
.- Não sei bem ao certo se o ponto ao qual cheguei é
a verdade, ou se é só mais uma das minhas falsas
certezas; mais uma daquelas que em breve terei que
repensar por ver que está errada.
.- Tá, mesmo que você a mude daqui a algum tempo,
me diga o que é.
.- Sei lá, deve ser porque as crianças não tem preocupações;
elas simplesmente não esperam nada a não ser presentes,
ir comer no restaurante que mais gostam... sei lá.
.- Ah, mas isso é meio óbvio; é claro que elas não tem
preocupações, elas têem quem faça essas coisas por elas. Quando
crescemos adquirimos responsabilidades, assumimos
compromissos, nos preocupamos em fazer as coisas do modo
correto.
.- Aí que está o erro dos adultos caramba!
Por que temos que assumir responsabilidades e nos preocupar
24h por dia em sermos corretos, em ganhar dinheiro, em ter
uma família? Por que?
.- Não sei.
.- Porque alguém falou que tinha que ser assim, e como sempre
acreditamos em coisas que nos são ditas há milênios. Droga, você
não percebe que as crianças não se preocupam com nada
simplesmente porque os pais sabem que eles tem que ensinar as
coisas para elas?
.- Nunca tinha pensado dessa forma.
.- Então, aí que está! Nós crescemos e nos acostumamos a ter
problemas para resolver, nos condicionamos a pensar em soluções
concretas para problemas muitas vezes imaginários!
Será que ninguém percebe isso?
.- Nossa que revolta.
.- E não é para se revoltar? Quem inventou essa história de dinheiro,
de poder, de problemas e soluções?
Quem foi o imbecil que fez isso?
.- Ah, mas é a ordem natural das coisas...
.- Que ordem natural que nada! Um pai morrer antes do filho é
considerado a ordem natural das coisas também, no entanto o
crontrário ocorre com frequência. A única ordem que não se altera
realmente é a da vida; tudo que é vivo nasce, cresce, dá frutos e
morre. Até a morte de uma criança recém nascida dá frutos.
.- Hahaha... aí também já é demais.
.- Claro que não, há de se aprender com tudo nessa vida.
.- Pronto, agora virouguru espírita?
.- Pára de besteira. É verdade, com tudo aprendemos; claro, se
nos dispusermos a isso. O grande problema dos adultos é que
eles deixam de sonhar com coisas belas para sonhar com
conquistas materiais, com posses; param de ver a beleza das coisas
e começam a enxergar o valor monetário delas, começam a
buscar status, não sonhos.
.- E você é diferente?
.- Aí é que está a minha revolta.

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